DOUTRINA - espiritismo

O ESPIRITUALISMO E A IGREJA SUD


Existe alguma relação entre as doutrinas mórmons e as doutrinas das religiões espiritualistas?


A resposta é SIM. A seguir, examinaremos detalhadamente este assunto.


1 - A DOUTRINA DOS ANJOS DA GUARDA


Há alguma coisa de verdade na idéia de que temos anjos da guarda que cuidam de nós e nos protegem?


(Larry E.Dahl –Professor História e Doutrina da Igreja-BYU)



As escrituras mórmons contém muitas referências a ‘’anjos’’ e ‘’anjos ministradores’’. No entanto, o termo Anjo da Guarda não é usado. Um dos muits exemplos está no Livro de Mórmon:


‘’É pela fé que os anjos aparecem e exercem seu ministério em favor dos homens. Portanto, ai dos filhos dos homens, se estas coisas tiverem cessado, pois isso terá acontecido em virtude de sua descrença.’’(Moroni 7:31).


De acordo com a igreja SUD, os anjos aparecem e ministram aos homens para:


--- Anunciar e testificar de acontecimentos relativo à obra e glória de Deus
(DeC 88:92-110)


--- Pregar o evangelho e ministrar ‘’aos filhos dos homens e lhes darem instruções relativas à vinda de Cristo’’
 (Moroni 7:22).


--- Declarar ‘’a palavra de Cristo aos vasos escolhidos do Senhor, para que dêem testemunho dele’’
(Moroni 7:31).


---Trazer à terra ‘’seus direitos, suas chaves, suas honras, sua majestade e glória, e o poder de seu sacerdócio’’
(DeC 128:21, 27:12, 110:11-16, e JS 2:68-70).


---Proteger e orientar os servos de Deus em tempos de tribulação, de modo que possam cumprir seus propósitos
(1 Nefi 3:29, e Helamã 5).


---Trazer conforto, instrução e advertências às pessoas fiéis em tempos de necessidade
(1 Nefi 11:14, 15:30, e Alma 8:14-18).


Quem são esses anjos? De acordo com  DeC 130:5:
‘’não há anjos que ministram a esta terra, a não ser aqueles que pertenceram a ela’’


Portanto, os mórmons crêem que esses personagens foram espíritos que ainda não nasceram na mortalidade, ou que viveram na terra, mas ainda não foram ressuscitados. Ou ainda, são os seres com corpos tangíveis, que foram ressuscitados ou transladados. (DeC 129:1-9).


O Presidente Joseph F. Smith explicou sobre os anjos que ministram aos que estão na terra:



‘’Os mensageiros enviados para ministrar aos habitantes desta terra não são estranhos, mas sim nossos familiares, amigos, companheiros e servidores. Os profetas antigos que morreram, foram aqueles que vieram visitar os seus semelhantes sobre a terra. Visitaram a Abraão, a Isaque e a Jacó...

Tais seres... ministraram ao Salvador no Monte das Oliveiras...Os nossos pais e mães, irmãos, irmãs e amigos que passaram por esta terra, tendo sido fiéis e dignos de gozar desses direitos e privilégios, podem receber a missão de visitar os seus parentes e amigos na terra, trazendo da presença divina mensagem de amor, de advertência, ou reprovação e instrução àqueles que aprenderam a amar na carne.’’ (Doutrina do Evangelho,p.399-400). Ênfase adicionada


Mas isto seria equivalente à afirmação de que cada um de nós tem determinado ‘’anjo da guarda’’ para nos acompanhar na mortalidade?


Numa conferência geral de 1973, o Presidente Harold B.Lee citou a respeito das bênçãos recebidas de um mensageiro celeste invisível:


‘’Eu sofria por causa de uma úlcera que a cada dia se agravava. Estávamos viajando em uma missão, minha esposa Joan e eu, quando sentimos, numa certa manhã, que deveríamos voltar para casa o mais rápido possível...



A caminho de casa, ao atravessarmos o país, estávamos sentados na parte dianteira do avião, e alguns dos membros estavam na parte posterior. Em certo ponto da viagem, alguém colocou as mãos sobre minha cabeça. Olhei para ver quem era e não vi ninguém.Mais tarde, esse fato se repetiu antes de chegarmos em casa. Quem era, eu não sei. Por que aquilo havia acontecido, também não sei. A única coisa que sabia é que recebera uma bênção, e mais tarde verifiquei que precisava dela urgentemente.


Logo que chegamos, minha esposa, preocupada, chamou o médico...Ele pediu para falar comigo pelo telefone, a fim de saber do meu estado, ao que lhe respondi: ‘’Estou um tanto cansado , mas creio que tudo está bem’’. Pouco depois, comecei a Ter hemorragias que, se tivessem ocorrido durante a viagem, eu não poderia estar falando-vos aqui, hoje’’. (Permanecei em locais sagrados, Liahona,03-1974, p. 46-47).


O Presidente Lee prometeu também aos jovens da Igreja a ajuda de um ‘’anjo de Deus’’:

‘’Jovens de hoje, viajamos juntos...Pode ser uma tempestade onde a fúria da natureza é desencadeada ou uma comoção mental ou emocional que ameaça destruição. Qualquer que seja a ocasião ou causa, podeis, pela fé, intensificada pelo jejum ou ‘’havendo já muito que não comia’’, como Paulo, ter a vosso lado durante a ‘’noite’’ turbulenta, um ‘’anjo de Deus de quem (sois) e a quem (servis)’’. (Decisions for Sucessful Living, Deseret Book, p.79-80).


Mas, de forma mais direta e esclarecedora, John A . Widtsoe explica se cada pessoa tem ou não um "anjo da guarda’’:


‘’Sem dúvida, anjos frequentemente nos guardam de acidentes ou do mal, da tentação e do pecado. Pode-se corretamente falar deles como anjos da guarda. Muitas pessoas prestaram e podem prestar testemunho das diretrizes e proteção que receberam de fontes além de sua visão natural. Sem a ajuda que recebemos da presença constante do Santo Espírito, e de possíveis anjos sagrados, as dificuldades da vida seriam muitas vezes multiplicadas.


A crença comum, no entanto, de que cada pessoa nascida no mundo tem um anjo da guarda designado para estar com ela constantemente, não é confirmada pela evidência de que dispomos...Um anjo pode ser um anjo guardião, embora venha apenas conforme for designado para nos dar ajuda especial. Na realidade, a presença permanente do Santo Espírito parece tornar desnecessária essa companhia angélica constante.


Assim, até que obtenhamos mais conhecimento, podemos dizer que anjos podem ser mandados para nos guardar, de acordo com nossa necessidade. Mas náo podemos dizer, com certeza, que haja um anjo da guarda especial, para acompanhar cada pessoa constantemente.’’ (The Improvement Era, 04-1944, p.225).


2 - A DOUTRINA DE MÚLTIPLAS VIDAS (REENCARNAÇÃO)


Texto extraído e adaptado de José Reis Chaves “A Face Oculta das Religiões” (Ed. Martin Claret).


Se formos avaliar, a doutrina da reencarnação é pregada pela maioria das culturas e religiões antigas (na Índia, China, Egito, entre outros). Este conceito também fazia parte dos dogmas judaicos, principalmente dos cabalistas, sob o nome de ressurreição.


As igrejas católica e protestante, seguindo caminhos distintos, adotaram a crença de uma vida única e da ressurreição após a morte.


Atualmente a ressurreição supõe o retorno à vida do próprio cadáver, e a reencarnação é a volta da alma ou espírito à vida corporal, mas num outro corpo, novamente constituído, que não guarda nenhuma relação com o corpo anterior.


Nos dias atuais, a igreja SUD nega qualquer relação ou aprovação da doutrina de múltiplas vidas, mas sempre seus dirigentes tiveram esta postura. É provável que Joseph Smith acreditasse em reencarnação, mas como não tinha tanta certeza, acabou adotando na Igreja a doutrina da ressurreição. Outros líderes, por vezes, se pronunciaram à favor de muitas vidas na mesma terra, em corpos diferentes. Vejamos algumas citações à seguir (ênfase adicionada):



“Duas semanas antes de sair de St. George, os espíritos dos mortos se reuniram ao meu redor, desejando saber por que não haviam sido redimidos.
Eram eles os signatários da Declaração da Independência e ficaram esperando por mim durante dois dias e duas noites. Eu fui direto até a fonte batismal, chamei o irmão McAllister para me batizar pelos signatários da Independência e outros 50 homens eminentes, num total de 100, inclusive John Wesley, Colombo e outros. Em seguida eu o batizei em lugar de todos os Presidentes dos Estados Unidos, exceto três, e se a causa deles for justa, alguém fará o serviço por eles" (Wilford Woodruff, Journal of Discourses, 19:229).


Em abril 1843 Joseph Smith disse que o objetivo de provações sucessivas ou "mundos" foi o de permitir o acúmulo gradual de inteligência e conhecimento".


Orson Pratt ensinou que se a alma não passou por essa provação, ela pode ser transferida em um outro mundo e viver um outro estágio. (6 de outubro de 1853. Journal of Discourses Vol. 1, p. 332)



Ao longo de sua vida, Eliza se referiu ao amado marido Joseph Smith como seu primeiro e único amor: "A escolha do meu coração e da coroa da minha vida". (Eliza R. Snow, "Past and Present", Woman's Exponent 15 (1 de agosto de 1886): 37).



Antes dela morrer no dia 5 de dezembro de 1887, Eliza disse ao seu irmão Lorenzo Snow que ela "era uma crente firme no princípio de várias provações... [Tendo] recebido isto de Joseph, o Profeta, seu marido". Seu irmão Lorenzo Snow acreditava nesse conceito, mas nunca abertamente ensinada como doutrina.


Prescendia Huntington Buell que se casou com Joseph Smith, em dezembro de 1841 indicava que Joseph falou com ela sobre "provações plurais” (reencarnação).


Hyrum Smith também acreditava no que ele chamou de provações plurais. Joseph L. Robinson e Charles W. Penrose e suas esposas afirmaram que Joseph Smith foi a fonte para suas crenças nas provações plurais.


Heber C. Kimball, um apóstolo mórmon e confidente de Joseph Smith, ensinou em diferentes circunstâncias o que significa as ‘várias provações mortais’. Abaixo, encontra-se parte de seu discurso na Conferência Geral em 1850:


“Nós viemos aqui para nos acostumar a trabalhar para construir templos, e melhorar os elementos que Deus colocou ao nosso redor, e amanhã podemos nos tornar mais hábeis, através da experiência de hoje. O que eu não fiz hoje, até o sol se por, eu me deitarei para dormir, o que é típico [metáfora] da morte, e pela manhã eu me levantarei e iniciarei o meu trabalho onde o deixei ontem. Esse curso é típico [metáfora] das provações que tomamos. Mas suponha que se  eu não melhorar hoje, eu acordarei amanhã e encontrar-me-ei na retaguarda, e então, se eu não melhorar durante o dia [a vida mortal], e novamente me deitar para dormir [morte], ao acordar, encontrar-me-ei ainda na retaguarda... Este dia é típico deste estágio, e o sono de cada noite é típico de morte, e o momento da manhã é típico da ressurreição. Eles são dias de trabalhos, e é o amanhã para sermos fiéis hoje, e a cada dia.” (Journal of Discourses, vol  4:329)

Em outra ocasião, Heber C. Kimball afirmou:

"Quando um vaso sem cozer está quebrado, o oleiro pode usar o barro para repará-lo e fazer um novo, mas quando um cozido é quebrado, ele não pode fazer o mesmo. Assim, quando uma pessoa morre em um estado de ignorância, ele nasce de novo, mas quando ele se torna bem assado no fogo do verdadeiro conhecimento e morre um homem perfeito, ele não nasce de novo".


"Quando os elementos de uma forma organizada não preenchem o fim da sua criação, eles são levados para trás outra vez. Assim, a cada dia, ou de cada vida, vamos voltar para as mãos do oleiro para ser transformados em um novo vaso, e mais uma vez uma experiência nova, uma nova avenida de crescimento em nossa jornada para a perfeição”.
  
Heber C. Kimball também falou como Joseph Smith ensinou que a humanidade é conduzida de um estágio para outro estágio na Terra - de uma dispensação para outra. Joseph sempre disse que teríamos que passar pelos sentinelas, que são colocados entre nós e nosso Pai e Deus. Então, naturalmente, somos conduzidos ao longo deste estágio de provações, ou de uma dispensação para a outra, por aqueles que conduziram as dispensações. (Heber C. Kimball, Journal of Discourses vol. 6 - fonte em análise)


Heber C. Kimball, novamente, na Conferência Geral em 1850:


"Nós viemos aqui para nos acostumarmos a trabalhar na construção templos, e melhorar os elementos que Deus colocou ao nosso redor, que amanhã pode se tornar mais hábil, através da experiência de hoje. O que eu não hoje, quando o sol se põe, eu me deitei para dormir, o que é típico [metáfora] da morte, e pela manhã eu me levanto e iniciar o meu trabalho onde o deixei ontem. Esse curso é típico [metáfora] das provações que tomamos. Mas suponha que eu não melhorar o meu tempo hoje, eu acordar amanhã e encontrar-me na retaguarda, e então, se eu não melhorar a partir do dia [a vida mortal], e novamente se deitou para dormir [morte] , ao acordar, encontro-me ainda na retaguarda... Este dia é típico deste estágio, e o sono de cada noite é típico de morte, e o aumento da manhã é típico da ressurreição. Eles são dias de trabalhos, e é o amanhã para sermos fiéis hoje, e a cada dia.” (Journal of Discourses, v.4:329)

E sendo mais explícito:


“As provações mortais são praticamente as mesmas que acontecem com o avanço de nossos filhos, através de diversos graus ou níveis de escolaridade. Será que você exigiria que uma criança em um nível cinco passasse por um teste de nível dez?
Dentre as crianças em um parquinho na escola, qual você nomearia para ser a responsável pelas outras – uma em um nível seis ou uma em um nível doze? Dentre as do nível dois, seis e doze, de qual você esperaria um maior nível de maturidade e experiência? De qual você exigiria maior responsabilidade para executar tarefas, digamos, do nível oito? De qual você seria mais protetor e perdoaria mais?
Estamos todos em diferentes passos na escada evolucionária.
A alma está evoluindo. Cada alma, é provável, que não tenha início do mesmo modo que não tenha fim. As almas evoluíram desde o início dos tempo na escola de Deus. Mozart o músico - suas habilidades musicais consideramos de um génio, mas essas habilidades são o resultado de muitas vidas de esforço concentrado neste plano terreno ou na pré-existência. Somos todos atores e em cada existência temos um papel diferente, e com cada novo papel nos aproximamos da perfeição que buscamos. Nós somos a soma de todas as vidas que vivemos. Podemos não lembrar, mas elas estão vivas em nosso subconsciente.” (Heber C. Kimball, Journal of Discourses vol. 6, p. 63 - fonte em análise)
 
Brigham Young ensinou:
"Um homem, antes que possa se tornar um "deus", deve se tornar um homem perfeito, porém ele não pode se tornar um homem perfeito nem em setenta anos de vida pois seria impossível. Uma única vida humana não seria suficiente para dar ao espírito toda a perfeição que ele precisa para ser capaz de sentar-se no lado direito do Pai. Nenhuma criança pode aprender tudo o que sua escola tem de ensinar em um único dia. O tempo seria muito curto e o trabalho muito árduo. Daí ele volta, dia após dia para seus estudos. A evolução da alma seria impossível se fosse limitada a uma única vida em qualquer forma de um corpo. A fim de cumprir o propósito da evolução, a alma deve ter mais tempo." (Journal of Discourses vol. 6, p.36 - fonte em análise)


"Quando os elementos de uma forma organizada não chegam ao fim de sua organização, eles são unidos novamente, como a cerâmica antiga do irmão Kimball, para voltarem e serem feitos novamente". Brigham Young, Journal of Discourses, v.1, p.275, 14 de agosto de 1853.


Muitos mórmons mais próximos e esposas de Joseph Smith, mais tarde revelaram muitos dos seus ensinamentos privados. Alguns foram: Proscenia Huntington Buell (esposa de Joseph Smith), George Q. Cannon, William Clayton, Orson Hyde, Heber C. Kimball, Helen Whitney Kimball (Esposa de Joseph Smith), Mary Elizabeth Rollins Lightner (esposa de Joseph Smith), Alexander Niebour (que ensinava Cabalah para Joseph Smith a partir do Zohar, Avô de Hugh Nibley), Charles W. Penrose, Orson Pratt, Parley P. Pratt, Joseph L. Robinson, Eliza R. Snow (esposa de Joseph Smith), Orson F. Whitney e muitos mais.


Interessante a citação de Brigham Young:
"Existem milhares de espíritos malígnos desencarnados - os quais há muito deixaram seus corpos aqui e nas regiões que nos cercam, entre nóes e ao nosso redor e estão tentando fazer com que nós e nossos filhos fiquemos doentes, tentando destruir-nos e fazer com que pratiquemos o mal. Eles tentarão por todos os meios possíveis desviar-nos do caminho da retidão". (Brigham Young, Journal of Discourses, v. 6, pág. 73-74


Mas, concomitantemente, uma outra doutrina era pregada aos SUDs:


Aqui está uma história de Joseph Smith, em seu diário, que mostra a dualidade desta doutrina:
"Ele [Robert Matthews, aliás Robert Matthias, alias Josué, o ministro judeu] disse que possuía o espírito de seus pais, que ele era um descendente literal de Matias, o apóstolo, que foi escolhido no lugar de Judas, que caiu, para que seu espírito fosse ressuscitado nele, e que esta era a forma ou regime de vida eterna, esta transmigração da alma ou espírito de pai para filho.
Eu disse a ele que sua doutrina era do diabo, que ele estava, na realidade, na posse de um espírito mau e depravado, embora ele afirmava ser o Espírito da verdade em si, e disse também que ele possuía a alma de Cristo. (Joseph Smith, History of the Church, v7 . 2:307)"


"De vez em quando os crentes ouvem alguma história sobre pessoas que voltaram à Terra em outro corpo. O Profeta Joseph Smith diz que a reencarnação é uma doutrina do diabo... " Elder Joseph Fielding Smith, Answers to Gospel Questions, vol. 5, Supposed Visions.


"A reencarnação é uma falsa doutrina. Os homens nascem, morrem e são julgados uma vez. " Élder Bruce R. McConkie, Doutrina New Testament Commentary, vol. 3


Considerando o fato de que vários dos mais próximos colaboradores de Joseph Smith afirmaram que ele ensinou-lhes a doutrina das provações pluras (extremamente semelhante à reencarnação), devemos nos perguntar por que Joseph Smith não ensinou a doutrina publicamente. Sua declaração dá-nos esta informação:


"Nossa vida já se tornou comprometida, revelando os efeitos perversos e sanguinários dos nossos inimigos, e para o futuro, temos de deixar de fazê-lo. Tudo o que temos dito sobre eles é verdade, mas nem sempre é prudente ensinar toda a verdade. Mesmo Jesus, o Filho de Deus teve que se abster de fazê-lo, e teve que reprimir seus sentimentos muitas vezes para a segurança de si mesmo e de seus seguidores, e teve que esconder os justos propósitos do seu coração em relação a muitas coisas que pertencem ao reino do Pai (discursos do Profeta Joseph Smith, compilado por Alma Burton P. [Salt Lake City: Deseret Book Co., 1977], 302).


Curiosidade: O historiador mórmon Hugh Nibley disse que os ensinamentos dos essênios eram muito semelhantes ao da Igreja Mórmon. Earnest Renan disse:
"Os essênios se assemelhava ao mestres Gurus do bramanismo".


Aqueles que leram o Bhagavad Gita irão lembrar que os princípios fundamentais dos ensinamentos de Krishna são de pureza de coração, a abnegação, o controle das paixões, a renúncia, o amor, e a realização da unidade da alma com o Pai. Em suma, a religião de Cristo antes dele foi ensinada por Buda e Krishna na Índia.


Portanto, parece ter havido uma influência indireta do Bramanismo sobre a mente de Jesus através dos essênios, e especialmente através João Batista. Ainda, na cultura indiana, há vários relatos de um homem (com as características de Jesus) que ali viveu e preparou-se espiritualmente para sua missão!


UMA ANÁLISE BÍBLICA


É interessante notarmos que a palavra ressurreição podia aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos demais profetas. Se João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João tinha sido visto criança e seus pais eram conhecidos. João podia ser, pois, Elias reencarnado, mas não ressuscitado.


Lendo João 3: 1-12:
“Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de novo” e “Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário nasceres de novo”.


Os cristãos entendem este versículo como a doutrina do batismo. Mas outros também acreditam que se trata da doutrina da reencarnação. E certamente, esta passagem específica pode ser entendida das duas formas.


Note que o texto primitivo diz simplesmente: “Não renascer da água e do Espírito”, enquanto, em algumas traduções, a expressão “Espírito” foi substituída por "do Espírito Santo", o que não corresponde ao mesmo pensamento.


Para compreendermos o verdadeiro sentido dessas palavras, é necessário nos reportarmos ao significado da palavra "água". Os antigos tinham conhecimentos imperfeitos sobre as ciências físicas, e acreditavam que a Terra havia saído das águas (talvez por causa do Dilúvio). Por isso consideravam a água como o elemento gerador absoluto.


É assim que encontramos no Gênesis: "O Espírito de Deus era levado sobre as águas", "flutuava sobre as águas", "que o firmamento seja feito no meio das águas", "que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar, e que o elemento árido apareça", "que as águas produzam animais viventes, que nadem na água, e pássaros que voem sobre a terra e debaixo do firmamento".


Conforme essa crença, a água se transformara no símbolo da natureza material, como o Espírito o era da natureza inteligente. Estas palavras: "Se o homem não renascer da água e do Espírito", ou "na água e no Espírito", significam pois: "Se o homem não renascer com o corpo e a alma".


Entretanto, a passagem de Hebreus 9: 27 é tida como contrária à reencarnação, que diz:


“Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo, assim o Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não, porém, em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam”.


UMA ANÁLISE HISTÓRICA DOS PRINCÍPIOS DA MULTIPLICIDADE DE VIDAS


A palavra reencarnação (renascimento, ressurreição) é em Grego “paliggenesia”, em Português palingenesia ou paligênese. Deriva-se de duas palavras gregas: “palin”, de novo, e “gênesis”, nascimento. Significa a ação de renascer, ressurgir, surgir de novo.


O historiador judeu Flávio Josefo, quase contemporâneo de Cristo, registrou que ambos os essênios e os fariseus acreditavam na reencarnação. Ele nos diz que eles:


"dizem que todas as almas são incorruptíveis, mas as almas dos bons homens são apenas removidas para outros corpos, mas as almas dos homens maus estão sujeitas às punições duradouras para as idades".


Sabemos que o cristianismo foi reformulado para atender às idéias políticas do imperador Constantino e Eusébio, o mesmo que compilou o material para o Novo Testamento.


Esta reformulação ocorreu no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553), e decretou ser condenável a doutrina de Orígenes da preexistência da alma, com relação à fecundação do corpo. Assim, sem essa preexistência, não poderia haver reencarnação.


Porém, muitos ainda acreditavam na doutrina da reencarnação: São Jerônimo,  São Gregório de Nissa, São Sulpício Severo, Clemente de Alexandria, Justino Mártir, entre outros.


Abaixo, vemos citações algumas citações à este respeito:


São Jerônimo (340-420):
"A doutrina de provações mortais foi secretamente ensinadas desde os tempos antigos para um pequeno número de pessoas, como uma verdade tradicional que não era para ser divulgado."


Pelas palavras de São Gregório, bispo de Nissa:
"É absolutamente necessário que a alma será curada e purificada e se ela não terá lugar em uma vida na terra, ele deve ser realizado no futuro, a vida terrena."


São Sulpício Severo (363-420):
"A filosofia fala de almas a serem preparadas por uma reencarnação claro... Quando primeiro vem à Terra, ela [a alma] embarca nesta espírito animal, tal como em um barco e, através dele é entrar em contacto com a matéria... A alma que não se voltar rapidamente para a região celeste a partir do qual ela foi enviada para a terra tinha que passar por muitas vidas de errante”.


Foi o mesmo ensino que ocorreram entre os primeiros cristãos, os essênios, os gnósticos, e os cátaros.


A confusão com a ressurreição do corpo físico veio aceitação de que a alma é, de alguma maneira, também composta por algum tipo de matéria física. É portanto entendida como corporalidade da alma, e foi aceita por muitos padres da Igreja Antiga: São Basílio, São Gregório Nazianzeno, São Cirilo de Alexandria, Bernardo, Stº Ambrósio, Evódio (bispo de Uzala), João de Tessalônica, Tertuliano etc. (Abrahm, liv. 2, parágrafo 58, Edição Beneditina, 1686).


Mas a corporalidade da alma tem vários nomes nas diversas culturas: Ochema, eidolon, somod, ferouer, lúcido, etéreo, aura, corpo sidéreo, ka, aromático, corpo astral, corpo bioplasmático (russo) ,“Corpo Espiritual” (de São Paulo) e “Perispírito” (de Kardec).


Vejamos uma citação de Tertuliano:


“Se a alma não tivesse corpo, a imagem dela não teria a imagem de corpos”


RELAÇÃO COM A IGREJA MÓRMON


Sabemos que, por mais interessado que Joseph Smith fosse em adquirir conhecimento, dificilmente estes textos teriam chegado às suas mãos. Então qual teria sido a influência que ele recebera para pensar e ensinar sobre as provações plurais?


Inicialmente, o que é a Cabala?


Basicamente, é uma compilação de vários ensinamentos hebraicos. Ela contém as chaves, que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os segredos do universo, bem como as chaves para os mistérios do coração e da alma humana. 

Os ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do universo material e imaterial, bem como a natureza física e metafísica de toda a humanidade. A Cabala mostra em detalhes como navegar por este vasto campo, a fim de eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento (fonte: Wikipédia).

O Zohar, que é apenas uma parte da Cabala, é o ensinamento esotérico dos Hebreus. Ele ensina que as almas devem reentrar no Absoluto, de onde elas surgiram.
Mas para conseguirem esse feito, os humanos devem desenvolver as perfeições, o germe do que é plantado neles. E se eles não desenvolverem essas características na vida, então eles devem começar uma segunda vida, uma terceira vida e assim por diante. Desta forma, devem continuar assim até que adquiram a condição que lhes permita associarem-se novamente com Deus.


Alega-se que a Cabala tenha sido transmitida pela tradição oral a partir de fontes angélicas, através de Adão, Noé, Abraão, Moisés, os setenta anciãos, a Davi e a Salomão.


(texto adaptado de "Joseph Smith and the Kabbalah: The occult conexion".)


COMO JOSEPH ENTROU EM CONTATO COM A CABALA?


Na primavera de 1841, chegou à Nauvoo uma biblioteca extraordinária de escritos cabalísticos pertencentes à um judeu europeu, Alexander Neibaur.


Ele fora convertido ao cristianismo e posteriormente, ao mormonismo e evidentemente conhecia muito bem as principais obras escritas do Cabala. Este homem logo se tornaria amigo e companheiro de Joseph.


Newel e Avery observaram na biografia de Emma Smith que:


"Através de Alexander Neibaur, Joseph Smith teve acesso aos antigos ritos judaicos chamados cabalismo ao mesmo tempo, ele alegava estar traduzindo os papiros das múmias egípcias [que se tornou o livro de Abraão]. " [1]


Em junho de 1843, Neibaur publicou no Times and Seasons um pequeno texto intitulado "Os judeus". O trabalho decorreu em duas partes, nas publicações de 1 de Junho e 15 de Junho. Quanto ao objetivo destes textos, ele afirmou apenas que o seu esforço fora inspirado por uma conversa com Joseph Smith. [2] Seu ensaio trata ostensivamente do conceito judaico da ressurreição.


Porém, sua maior discussão é sobre o conceito cabalista de gilgul, a transmigração e renascimento da alma. [3]  O ensaio é interessante não por causa de seus comentários sobre a ressurreição, mas por causa de suas citações repetidas de textos clássicos da Cabala judaica. Nas quatro páginas publicadas, Neibaur cita mais de duas dezenas de textos e autores. Das citações, foram identificadas pelo menos dez de autoria cabalística. [4] O tom de todo o texto e a utilização apropriada do material cabalístico mostram o respeito de Neibaur para com a Cabala.

NT. Por este texto ser apenas uma tradução, as fontes citadas pelos autores originais são verificadas. Algumas ainda encontram-se nesse processo.


 
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Notas:


1 Newell and Avery, 325n36.


2 "The Jews," Times and Seasons 4 (1 June 1843): 220-22; 4 (15 June 1843): 233-34. The article is introduced by editor John Taylor: "The following very singular notions of the Jews, with regard to their resurrection, will no doubt, be read with interest by many of the curious, especially the lovers of Jewish literature." On the composition of this piece, we have only Neibaur's brief explanatory endnote: "Having commenced this sometime since--and having had the privilege, a few Sundays back, to hear our worthy prophet on the same subject, I was determined to go on with it, and hand it over to you. If you think it will be of any interest to your readers, I shall take another time to continue the subject, and tell you the means, as held by my brethren the Jews, whereby the Lord will bring to pass this glorious work." The proposed continuation never appeared.


3  See G. Scholem, "Gilgul: The Transmigration of Souls", in On the Mystical Shape of the Godhead (New York: Schocken Books, 1991), 197-250. The concept of transmigration of souls received further discussion in early Mormonism. William Clayton records in his diary arguments among Mormon companions over the idea of "baby resurrection," or rebirth as a mortal infant. See George D. Smith, ed., An Intimate Chronicle: The Journals of William Clayton (Salt Lake City: Signature Books in association with Smith Research Associates, 1991), 429-30.


4  Given the importance of this material to the discussion that follows, I have provided an Appendix to this essay listing each citation made by Neibaur in his Times and Seasons article.