DOUTRINA - palavra sabedoria1

A PALAVRA DE SABEDORIA


Em 27 de fevereiro de 1833, Joseph Smith deu uma revelação conhecida como “Palavra de Sabedoria”, que aparece na seção 89 de Doutrina e Convênios. Nesta revelação, lemos:

1 UMA Palavra de Sabedoria, para o benefício do conselho de sumos sacerdotes, reunido em Kirtland, e da igreja e também dos santos de Sião—
  2 Para ser enviada como saudação; não como mandamento ou coerção, mas como revelação e palavra de sabedoria, manifestando a ordem e a vontade de Deus quanto à salvação física de todos os santos nos últimos dias—
  3 Dada como princípio com promessa, adaptada à capacidade dos fracos e do mais fraco de todos os santos, que são ou podem ser chamados santos.
  4 Eis que, em verdade, assim vos diz o Senhor: Devido a maldades e desígnios que existem e virão a existir no coração de homens conspiradores nos últimos dias, eu vos adverti e previno-vos, dando-vos esta palavra de sabedoria por revelação—
  5 Eis que não é bom nem aceitável aos olhos de vosso Pai que alguém entre vós tome vinho ou bebida forte, exceto quando vos reunis para oferecer vossos sacramentos perante ele.
...........................
  7 E também bebidas fortes não são para o ventre, mas para lavar vosso corpo.
  8 E também tabaco não é para o corpo nem para o ventre e não é bom para o homem, mas é uma erva para machucaduras e todo gado doente, a qual se deve usar com discernimento e habilidade.
  9 E também bebidas quentes não são para o corpo nem para o ventre.
............................
12 Sim, também a carne de animais e a das aves do ar, eu, o Senhor, indiquei para uso do homem, com gratidão; contudo, devem ser usadas moderadamente;
13 Agrada-me que não sejam usadas a não ser no inverno ou em tempos de frio ou de fome.

Note que a palavra de sabedoria proibe o uso de bebidas quentes, fortes e tabaco. Atualmente, a igreja interpreta bebida quente como café e chá, apesar de haver evidências que TODAS as bebidas quentes eram proibidas no início.

Apesar de algumas partes da palavra de sabedoria serem muito cobradas pelos líderes da igreja, outras são praticamente ignoradas. O escritor mórmon John J. Stewart observou:
“A admoestação de comer pouca carne é grandemente ignorada, assim como alguns pontos da revelação” (Joseph Smith the Mormon Prophet, p.90).




ORIGEM DA REVELAÇÃO

Brigham Young nos deu uma interessante declaração de como aconteceu a revelação da palavra de sabedoria:






"A primeira escola dos profetas era realizada em um quarto pequeno, situado atrás da cozinha do profeta Joseph… Quando eles se reuniam nesta sala, após o café da manhã, a primeira coisa que faziam era acenderem seus cachimbos e, enquanto fumavam, falavam sobre as grandes coisas do reino, e cuspiam em tuda a sala, e assim que seus cachimbos estavam for a de suas bocas, começavam a mascar grandes quantidades de tabaco. Isto, e as reclamações de sua esposa de ter que limpar aquele chão nojento, fez com que o profeta pensasse sobre esta questão e ele perguntou ao Senhor sobre a conduta relativa aos élderes usarem tabaco, e a revelação conhecida como a palavra da sabedoria foi o resultado desta pergunta." (Journal of Discourses, vol. 12, p.158).

Leonard J. Arrington, que se tornou um historiador da igreja, nos dá maiores informações:
“Atualmente, um grande número de estudiosos tiveram que aceitar que a revelação foi o desdobramento do “Movimento de Temperança” do início do século XIX. Este movimento era contra o uso de bebida alcoólica.”

De acordo com Dean D. McBrien… a palavra de sabedoria é uma incrível compilação do pensamento que prevalecia na fronteira da América no início de 1830. Cada parte da revelação pertencia à um dos itens que formavam a base da agitação popular muito difundida no início de 1930:

“Uma investigação da situação existente em Kirtland quando aconteceu a revelação é a explicação suficiente. A onda da Temperança, por um tempo, dominou o Oeste…
…em 1826, a SOCIEDADE DE TEMPERANÇA AMERICANA foi fundada…
…em junho de 1830, o Millenial Harbinger [publicação da igreja batista] citou um artigo do Philadelphia 'Journal of Health,' que condenava veementemente o uso do álcool, tabaco, e a ingestão destemperada de carnes…
… as Sociedades da Temperança estavam organizadas em grande número durante o início dos anos 30, sendo que seis mil foram formadas em um ano…
… Em 6 de outubro de 1830, a Sociedade de Temperança de Kirtland foi organizada com 239 membros… esta sociedade de Kirtlans era a mais ativa de todas… e isso revolucionou os costumes sociais da vizinhança.”

McBrien vai além, mostrando que a Sociedade da Temperança foi bem sucedida em eliminar uma destilaria de Kirtland em 1 de fevereiro de 1833, apenas 27 dias antes que a revelação SUD sobre abstinência fosse anunciado, e a destilaria foi fechada na mesma época (Brigham Young University Studies, Winter 1959, pp.39-40).

Em seu livro, The Burned-Over District, páginas 211-12, Whitney R. Cross mostra que:
“o Movimento da Temperança começou muito antes… Durante os anos de 1830, alcançou fama nacional…
Josiah Bissel, antes mesmo de 1831, foi além do Movimento da Temperança, indo para a Sociedade de Água Fria, que era contra o uso de chá, café ou qualquer bebida quente.”

O jornal Wayne Sentinel, impresso nos arredores do local onde Smith cresceu, publicou estas afirmações relativas ao tabaco três anos antes  da palavra da sabedoria:
“É realmente surpreendente que podemos encontrar uma pessoa que, após experimentar as sensações de sofrimento quase sempre produzidas pelo uso do tabaco na primeira vez, se arrisca a experimentá-las novamente… O tabaco é, de fato, um veneno absoluto…” (Wayne Sentinel, November 6, 1829).

Com estes relatos, concluímos que, apesar da palavra de sabedoria conter bons princípios, ela é obviamente produto das correntes de pensamento e dos acontecimentos da época de Smith, e não uma “revelação divina”.

EXEMPLOS DE JOSEPH SMITH

A palavra de sabedoria é considerada uma das mais importantes revelações na igreja mórmon. Um mórmon que continue quebrando a palavra de sabedoria é considerado ter fé fraca. A quebra desse mandamento é considerado um pecado que impede uma pessoa de entrar no templo.

Joseph Fielding Smith afirmou que o hábito de beber chá pode barrar uma pessoa de receber o reino celestial de Deus:

SALVAÇÃO E UMA XÍCARA DE CHÁ…”se você tomar café ou chá, ou usar tabaco, você estará permitindo que essa xícara de chá ou um pouco de tabaco obstrua seu caminho e impeça que você receba o reino celestial de Deus, onde você deverá receber toda a glória? Não há nada que seja pequeno neste mundo. Uma xícara de chá, depois outra xícara de chá, depois outra, e quando você as coloca todas juntas, elas não são tão pequenas” (Doctrines of Salvation, vol. 2, p.16).

O escritor mórmon John J. Stewart afirma que:
“[Joseph Smith] observava cuidadosamente a palavra de sabedoria, e insistiu na sua observância por outros homens em altos cargos na igreja” (Joseph Smith the Mormon Prophet, p.90).

Mr. Stewart também declara que:
“ninguém poderia ter um alto cargo na igreja, ou mesmo na estaca ou no ramo, ou participar das ordenanças do templo, se fosse usuário de chá, café, bebida ou tabaco”.

Apesar de muitos membros da igreja sentirem que Joseph Smith, o fundador, “observava cuidadosamente a palavra de sabedoria”, pesquisas revelam justamente o oposto.

De fato, Joseph Smith não estaria digno de entrar no templo para realizar as ordenanças que ele instituiu, se vivesse hoje, por cauda do uso frequente de bebidas alcoólicas. As evidências? No próprio livro de Smith, History of the Church.

Primeiro dos muitos exemplos, em maio de 1843:
“Quarta-feira, 3 – Fui chamado ao escritório e bebi um copo de vinho com a sister Jenetta Richards, feito por sua mãe na Inglaterra, e revisei uma parte das minutas da conferência”. (History of the Church, vol. 5, p.380).


“Elderes Orson Hyde, Luke S. Johnson e Warren Parrish presentearam a presidência da igreja com três rodadas de copos cheios de vinho para serem abençoados. E caiu sobre mim realizar esta tarefa, que eu prontamente o fiz. Foi então passado [o vinho] em ordem e então o bolo na mesma ordem; e devo dizer que nossos corações estavam gratos enquanto compartilhávamos do presente da terra que nos fora dado, até que tivéssemos bebido nossa parte” (History of the Church, vol. 2, p.378).

Há ainda relatos interessantes no diário de Joseph Smith, mas que foram omitidos ou retirados posteriormente do livro History of the Church.


O primeiro relato data de 11 de março de 1843, onde Joseph Smith relata tomar “chá no seu café da manhã”. Quando sua esposa perguntou se estava de seu agrado, Joseph respondeu “se estivesse um pouco mais forte, seria melhor”.


O segundo relato, “Joseph profetizou em nome do Senhor que ele beberia vinho” com Orson Hyde “no leste” (Joseph Smith Diary, January 20, 1843).

Neste terceiro relato, Joseph Smith admitiu francamente que ele “bebeu um copo de cerveja no Moessers.” Estas palavras foram omitidas nas edições recentes da History of the Church


http://www.utlm.org/images/changingworld/chwp32millennialstar.gif

O apologista mórmon F. L. Stewart tenta defender Smith:
“A palavra de sabedoria fala que o vinho poderia ser usado ‘apenas quando reunidos, para oferecere seus sacramentos diante d’Ele’… Uma vez que casamentos e batismos são sacramentos, Joseph não estava quebrando sua revelação quando bebia vinho nos casamentos…” (Exploding the Myth About Joseph Smith, The Mormon Prophet, p.55).


A tentativa de explicação do Sr. Stewart só mostra que a palavra de sabedoria não era levada à sério. O copo de vinho com a irmã Janetta Richards não tem nenhuma relação com “sacramento”, ou ter bebido “cerveja no Moessers” não pode ser explicado dessa maneira.

Joseph continuou a desobedecer a palavra de sabedoria até o dia de sua morte. Os escritos de History of the Church  mostram o seguinte incidente na cadeia de Carthage:
"O guarda queria um pouco de vinho. Joseph deu ao Dr. Richards 2 dólares para dar ao guarda. O guarda imediatamente trouxe uma garrafa de vinho, cigarros e dois pequenos rolos de tabaco; Dr. Richards abriu a garrafa, e deu um copo à Joseph, que experimentou, assim como seu irmão Taylor e o doutor, e a garrafa foi então dada ao guarda, que saiu” (History of the Church, vol. 6, p.616).


Quando Joseph e seus amigos beberam vinho na cadeia de Carthage [foto ao lado, onde JS foi morto], certamente não foi em sacramento. John Taylor deixou isso muito claro em History of the Church:
"Um pouco depois do almoço, nos sentávamos para bebermos um pouco de vinho. Alguns afirmaram que era tomado como sacramento. Não era assim: nossos espíritos geralmente estavam aborrecidos e pesados, e nós o tomamos para nos reavivar… acredito que todos nós bebemos vinho…” (History of the Church, vol. 7, p.101).

Uma vez que Smith e outros lideres mórmons não seguiam a palavra de sabedoria, os membros da igreja ficaram confusos em relação à este assunto. George A. Smith descreveu:

“…uma certa família… chegou em Kirtland, e o profeta pediu que parassem em sua casa… a irmã Emma perguntou à velha senhora se ela gostaria de tomar uma xícara de chá… ou uma xícara de café. Toda essa família apostatou porque eles foram convidados à tomar uma xícara de chá ou café, após a revelaçãod a palavra de sabedoria”. (Journal of Discourses, vol. 2, p.214).

Como Joseph não cumpria a palavra de sabedoria, Almon W. Babbitt sentiu que tinha o direito de quebrá-la também. Em 19 de agosto de 1835, o Sr. babbitt foi levado à julgamento, sendo que uma das acusações era “que ele não cumpre a palavra de sabedoria”. Em sua defesa, Babbitt “disse que ele tomara a liberdade de quebrar a palavra de sabedoria por causa do exemplo do presidente Joseph Smith Jr. e de outros, mas sabia que era errado…” (History of the Church, vol. 2, p.252).

Não sabemos quão frequente Joseph Smith usou tabaco, mas sabemos que uma vez ele “passou através das ruas de nauvoo fumando um charuto”. Essa descrição é dada por Gary Dean Guthrie:

"Joseph testava os santos [SUDs] para garantir que seus testemunhos eram sore a religião e não sobre ele como líder. Amasa Lyman, da primeira presidência, relatou: 'Joseph Smith provou a fé dos santos várias vezes. Uma vez, ele pregou um poderososermão sobre a palavra de sabedoria. e logo depois ele dirigiu pelas ruas de Nauvoo fumando um charuto. Alguns dos irmãos foram testados como foi o velho Abraão'." ("Joseph Smith As An Administrator," Master.'s Thesis, Brigham Young University, May 1969, p.161).


O BAR DE JOSEPH SMITH


Em Nauvoo, Joseph Smith vendia bebidas alcoólicas. Esta lei relativa à esse assunto passou em 1843, quando Joseph Smith era o prefeito de Nauvoo:

DECRETO PARA A VENDA PESSOAL DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

Seção 1. Que seja decretado pelo conselho da cidade de Nauvoo, que o prefeito da cidade é e está autorizado a vender ou dar bebidas destiladas em qualquer quantidade que ele, em sua sabedoria, julgar ser para a saúde e conforto ou conveniência, como para os viajantes ou outras pessoas que possam visitar sua casa de tempos em tempos.
Aprovado em 12 de dezembro de 1843.

Joseph Smith, prefeito.
Willard Richards, Recorder (History of the Church, vol. 6, p.111).

O próprio filho de Joseph Smith relatou o seguinte:
“Por volta de 1842, uma casa nova e grande foi construída para nós… e uma placa foi colocada, dando à ela o nome digno de “A Mansão de Nauvoo”… a mamãe foi nomeada como a senhora do local, e logo fez uma viagem para Saint Louis…
Quando ela voltou, encontrou na sala do hotel – que vamos dizer, é a sala principal onde os clientes se reuniam e onde eram recebidos quando chegavam – um bar, com pia, prateleiras, garrafas, copos e outras parafernálias de um bar bem equipado, e Porter Rockwell como no comando como graçom.
Ela ficou muito surpresa e confusa com essa mudança… “Joseph”, ela perguntou “qual é o significado de um bar na nossa casa?... o que vai parecer para o cabeça espiritual da religião manter um hotel com uma sala para vender bebidas alcoólicas?”

Ele a lembrou que todas as tabernas tinham seus bares e que era impescindível a venda de bebidas…
A resposta de mamãe foi claramente enfática, apesar de proferida em voz baixa:
“Bem, Joseph… Eu pegarei meus filhos e irei voltar à nossa velha casa e permanecerei lá, pois não vou criá-los sob estas condições impostas sobre nós, e não quero que se misturem com os tipos de homens que frequentam estes lugares. Você tem a liberdade de escolha:  ou o bar sai da casa ou saio eu!”

Não demorou para que o papai fizesse sua escolha, pois ele respondeu imediatamente: “Muito bem, Emma, eu vou remover o bar” e ele o fez.” (The Saints' Herald, January 22, 1935, p.110).

PARA REFLETIR


Após tantos relatos sobre a quebra da palavra de sabedoria por Joseph Smith, estamos dispostos à acreditar na força de Joseph em não ingerir bebida alcoólica?

"Aos 7 anos, Joseph teve uma grave infecção na medula óssea da perna esquerda, cuja dor, insuportável, durou mais de três semanas.O médico Nathan Smith, da Faculdade de Dartmouth, disse que tentaria salvar a perna, utilizando uma técnica relativamente nova, porém extremamente dolorosa, para remover parte do osso. O médico providenciou cordas para amarrar o menino, mas Joseph objetou, dizendo que suportaria a operação sem elas. Recusou-se também a tomar conhaque, a única forma de anestésico que possuíam"